- Importante revelação se opera na
época atual e mostra a
possibilidade de nos comunicarmos com
os seres do mundo espiritual. Não é
novo, sem dúvida, esse conhecimento;
mas ficara até aos nossos dias, de certo
modo, como letra morta, isto é, sem
proveito para a Humanidade A ignorância
das leis que regem essas relações o
abafara sob a superstição; o homem era
incapaz de tirar daí qualquer dedução
salutar; estava reservado à nossa época
desembaraçá-lo dos acessórios
ridículos, compreender-lhe o alcance e fazer
surgir a luz destinada a clarear o
caminho do futuro.
O Espiritismo, dando-nos a conhecer o
mundo invisível que nos
cerca e no meio do qual vivíamos sem o
suspeitarmos, assim como as leis que
o regem, suas relações com o mundo
visível, a natureza e o estado dos seres
que o habitam e, por conseguinte, o
destino do homem depois da morte, é uma
verdadeira revelação, na acepção
científica da palavra.
Por sua natureza, a revelação espírita
tem duplo caráter: participa
ao mesmo tempo da revelação divina e
da revelação científica. Participa da
primeira, porque foi providencial o
seu aparecimento e não o resultado da
iniciativa, nem de um desígnio
premeditado do homem; porque os pontos
fundamentais da doutrina provêm do
ensino que deram os Espíritos
encarregados por Deus de esclarecer os
homens acerca de coisas que eles
ignoravam, que não podiam aprender por
si mesmos e que lhes importa
conhecer, hoje que estão aptos a
compreendê-las.
Participa da segunda, por
não ser esse ensino privilégio de
indivíduo algum, mas ministrado a todos do
mesmo modo; por não serem os que o
transmitem e os que o recebem seres
passivos, dispensados do trabalho da
observação e da pesquisa, por não
renunciarem ao raciocínio e ao
livre-arbítrio; porque não lhes é interdito o
exame, mas, ao contrário, recomendado;
enfim, porque a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega;
porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos.
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