Já não é o Deus de um único povo
privilegiado, O Deus dos exércitos, presidindo aos combates para sustentar a
sua própria causa contra o Deus dos outros povos; mas, o Pai comum do gênero
humano, que estende a sua proteção por sobre todos os seus filhos e os chama
todos a si; já não é o Deus que recompensa e pune só pelos bens da Terra, que
faz consistir a glória e a felicidade na escravidão dos povos rivais e na
multiplicidade da progenitura, mas, sim, um Deus que diz aos homens: «A vossa
verdadeira pátria não é neste mundo, mas no reino celestial, lá onde os
humildes de coração serão elevados e os orgulhosos serão humilhados.» Já não é
o Deus que faz da vingança uma virtude e ordena se retribua olho por olho,
dente por dente; mas, o Deus de misericórdia, que diz:
«Perdoai as ofensas, se quereis ser
perdoados; fazei o bem em troca do mal;
não façais o que não quereis vos
façam.» Já não é o Deus mesquinho e
meticuloso, que impõe, sob as mais
rigorosas penas, o modo como quer ser
adorado, que se ofende pela
inobservância de uma fórmula; mas, o Deus
grande, que vê o pensamento e que se
não honra com a forma. Enfim, já não é
o Deus que quer ser temido, mas o Deus
que quer ser amado.
Sendo Deus o eixo de todas as crenças
religiosas e o objetivo de
todos os cultos, o caráter de todas as
religiões é conforme à ideia que elas das
de Deus. As religiões que fazem de
Deus um ser vingativo e cruel julgam honrálo com atos de crueldade, com fogueiras
e torturas; as que têm um Deus parcial e cioso são intolerantes e mais ou menos
meticulosas na forma, por crerem-no mais ou menos contaminado das fraquezas e
ninharias humanas.
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