O fenômeno não demorou a apresentar-se sob um novo aspecto,
fazendo-o sair
do domínio da simples curiosidade. Os limites deste
compêndio não nos permitem
acompanhá-lo em todas as suas fases, de modo que
abordaremos, sem transição, o que
ele oferece de mais característico, o que principalmente
prendeu a atenção das pessoas
sérias.
Para começar, digamos, de passagem, que a realidade do
fenômeno encontrou
numerosos contraditores. Uns, sem levarem em conta o
desinteresse e a honradez dos
experimentadores, não viram naquilo mais que uma trapaça, um
hábil golpe de
mágica. Os que nada admitem fora da matéria, que só
acreditam no mundo visível, que
pensam que tudo morre com o corpo, os materialistas, numa
palavra os que se qualifi
cam de espíritos fortes, lançaram a existência dos Espíritos
invisíveis na categoria das
fábulas absurdas; tacharam de loucos os que tomavam a coisa
a sério e os carregaram
de sarcasmos e zombarias.
Outros, não podendo negar os fatos, e sob o império de uma
determinada ordem
de ideias, atribuíram os fenômenos à influência exclusiva do
diabo, buscando, por esse
meio, amedrontar os tímidos. Hoje o medo do diabo perdeu
singularmente o seu
prestígio; tanto se falou dele, pintaram-no de tantas
maneiras, que todo mundo se
familiarizou com essa ideia e muitos julgaram que deviam
aproveitar a ocasião para
verificarem o que o diabo era realmente.
Daí resultou que,
salvo um reduzido número
de mulheres timoratas, a notícia da chegada do verdadeiro
diabo tinha algo de atraente
para os que só o tinham visto em pintura ou no teatro; para
muita gente tal notícia foi
um forte estimulante, de sorte que aqueles que tentaram, por
esse meio, opor barreira
às ideias novas, trabalharam contra o seu objetivo e, sem o
quererem, se tornaram os
seus agentes propagandistas, e tanto mais eficazes quanto
mais fortes gritaram.
Os outros críticos não lograram maior sucesso, porquanto,
aos fatos constatados,
aos raciocínios categóricos, não puderam opor senão
denegações Lede o que
publicaram e em toda parte encontrareis a prova da
ignorância e da falta de observação
séria dos fatos, e em parte alguma uma demonstração
peremptória de sua
impossibilidade. Toda a argumentação de que se serviram
resume-se nisto: "Não creio;
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