Espiritismo
O CENÁRIO:
A SAÚDE NAS
FORMAÇÕES SOCIAIS CAPITALISTAS
O final do
século XVIII e início do XIX foi o período
desenvolvimento
do capitalismo industrial, caracterizado pelo
crescimento
da produção, pelo êxodo rural e pela concentração de
novas
populações urbanas.
A população europeia
era submetida a jornadas de trabalho com
duração que
atingia 14 ou até mesmo 16 horas por dia, sendo o
emprego de
crianças (algumas vezes a partir de 3 anos, e mais
comumente, a
partir dos 7 anos), dos velhos e gestantes, na
produção
industrial, muito freqüente.
2 Os salários
miseráveis eram insuficientes para assegurar -
necessidades
da classe trabalhadora. As condições de moradia
extremamente
precárias e o desemprego, advindo principalmente em
consequência
da doença, uma ameaça.
A situação
sanitária, resultante do processo conturbado em que
se dava a
urbanização e que em última instância traduzia a miséria
social que
proliferava nas cidades emergentes, era caracterizada por
péssimas
condições de higiene, promiscuidade, grandes epidemias,
acidentes de
trabalho, desnutrição, enfim, de uma massa dê trabalhadores muito pobre.
Pobreza esta, componente e retrato de 10
uma
população imensa e mendiga, com condições propícias para criar
a doença, a delinquência,
o banditismo, a violência e a prostituição.
A luta pela
saúde, nesta época, identifica-se com a luta pela
sobrevivência:
"viver para o operário é não morrer".
Neste
cenário, as classes dirigentes europeias, influenciadas
pelos ideais
mercantilistas e preocupadas em aumentar o poder
nacional,
tiveram que eleger o trabalho como elemento essencial de
geração de
riqueza, tornando necessária a formulação de políticas
de saúde que
enfrentassem as grandes epidemias, a doença e a
morte:
evitando perdas de produtividade e assegurando o
crescimento
populacional e o fornecimento da força de trabalho;
questões
centrais para o desenvolvimento do capitalismo.
Na Alemanha,
a intervenção à enfermidade social foi
desenvolvida
através da ideia de polícia médica, cuja base doutrinária
partia da
doutrina mercantilista (camarelismo) e do absolutismo.
Foi na
Inglaterra, entretanto, onde a organização da saúde
pública e a
intervenção estatal sobre os problemas sociais foi mais
longe. Definiu-se
a questão do controle sanitário corno um problema
inerente à
nova ordem social através da identificação da má
qualidade de
vida, das habitações, da superpopulação, a ausênciade
abastecimento
de água e de rede de esgotos, com a determinação
da saúde ou
da doença. E o impacto obtido na mortalidade e no
controle de
várias epidemias foi extremamente importante.
Para o que
aqui nos interessa, cabe ressaltar que o modelo inglês
e o alemão
influenciaram de forma importante as medidas a serem
adotadas na
França. No período que compreende fins do século
XVIII e a
primeira metade do século XIX, o movimento higienista
traduziu, de
certa forma, a resposta social ao perigo representado
pela miséria
reinante.
As medidas
realizadas foram, primeiro, no sentido da efetuação
de
vigilância intensa da natalidade (estímulo ao crescimento).
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