Amai a Deus sobre todas as coisas
e o vosso próximo como a vós mesmos;
nisto estão toda a lei e os profetas; nãoexiste
outra lei. Sobre esta crença, assentou o princípio da igualdade dos homens
perante Deus e o da fraternidade universal. Mas, fora possível amar o Deus de
Moisés? Não; só se podia temê-lo.
A revelação dos verdadeiros atributos
da Divindade, de par com a da
imortalidade da alma e da vida futura,
modificava profundamente as relações
mútuas dos homens, impunha-lhes novas
obrigações, fazia-os encarar a vida
presente sob outro aspecto e tinha,
por isso mesmo, de reagir contra os
costumes e as relações sociais. É esse
incontestavelmente, por suas
consequências, o ponto capital da
revelação do Cristo, cuja importância não foi
compreendida suficientemente e,
contrista dizê-lo, é também o ponto de que
mais a Humanidade se tem afastado, que
mais há desconhecido na
interpretação dos seus ensinos.
26. - Entretanto, o Cristo acrescenta:
«Muitas das coisas que vos digo
ainda não as compreendeis e muitas
outras teria a dizer, que não
compreenderíeis; por isso é que vos
falo por parábolas; mais tarde, porém,
enviar-vos-ei o Consolador, o Espírito
de Verdade, que restabelecerá todas as
coisas e vo-las explicará todas.» (S.
João, caps. XIV, XVI; S. Mat., cap. XVII.)
Se o Cristo não disse tudo quanto
poderia dizer, é que julgou conveniente
deixar certas verdades na sombra, até
que os homens chegassem ao estado de
compreendê-las. Como ele próprio o
confessou, seu ensino era incompleto, pois
anunciava a vinda daquele que o
completaria; previra, pois, que suas palavras
não seriam bem interpretadas, e que os
homens se desviariam do seu ensino;
em suma, que desfariam o que ele fez,
uma vez que todas as coisas hão de ser
restabelecidas: ora, só se restabelece
aquilo que foi desfeito.
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