A GÊNESE - ALLAN KARDEC
Assim, ele previa
que os homens teriam necessidade de
consolações, o que implica
a insuficiência daquelas que eles
achariam na crença que iam fundar. Talvez
nunca o Cristo fosse tão claro, tão
explícito, como nestas últimas palavras, às
quais poucas pessoas deram atenção
bastante, provavelmente porque evitaram
esclarecê-las e aprofundar-lhes o
sentido profético.
Se o Cristo não pôde desenvolver o seu
ensino de maneira
completa, é que faltavam aos homens
conhecimentos que eles só podiam
adquirir com o tempo e sem os quais
não o compreenderiam; há muitas coisas
que teriam parecido absurdas no estado
dos conhecimentos de então.
Completar o seu ensino deve
entender-se no sentido de explicar e desenvolver,
não no de ajuntar-lhe verdades novas,
porque tudo nele se encontra em estado
de gérmen, faltando-lhe só a chave
para se apreender o sentido das palavras.
Mas, quem toma a liberdade de
interpretar as Escrituras Sagradas?
Quem tem esse direito? Quem possui as
necessárias luzes, senão os teólogos?
Quem o ousa? Primeiro, a Ciência, que
a ninguém pede permissão para dar a
conhecer as leis da Natureza e que
salta sobre os erros e os preconceitos.
Quem tem esse direito?
Neste século de emancipação
intelectual e de liberdade
de consciência, o direito de exame
pertence a todos e as Escrituras não são
mais a arca santa na qual ninguém se
atreveria a tocar com a ponta do dedo,
sem correr o risco de ser fulminado.
Quanto às luzes especiais,
necessárias,
sem contestar as dos teólogos, por
mais esclarecidos que fossem os da Idade
Média, e, em particular, os Pais da
Igreja, eles, contudo, não o eram bastante
para não condenarem como heresia o
movimento da Terra e a crença nos
antípodas.
Mesmo sem ir tão longe, os teólogos dos nossos
dias não lançaram
anátema à teoria dos períodos de
formação da Terra?
Os homens só puderam explicar as
Escrituras com o auxílio do que
sabiam, das noções falsas ou
incompletas que tinham sobre as leis da
Natureza, mais tarde
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