Apesar dos erros das suas doutrinas,
não deixaram de agitar os espíritos
e, por isso mesmo, de semear os
germens do progresso, que mais tarde haviam
de desenvolver-se, ou se desenvolverão
à luz brilhante do Cristianismo
É, pois, injusto se lhes lance anátema
em nome da ortodoxia, porque dia
virá em que todas essas crenças tão
diversas na forma, mas que repousam
realmente sobre um mesmo princípio
fundamental - Deus e a imortalidade da
alma, se fundirão numa grande e vasta
unidade, logo que a razão triunfe dos
preconceitos.
Infelizmente, as religiões hão sido
sempre instrumentos de dominação; o
papel de profeta há tentado as
ambições secundárias e tem-se visto surgir uma
multidão de pretensos reveladores ou
messias, que, valendo-se do prestigio
deste nome, exploram a credulidade em
proveito do seu orgulho, da sua
ganância, ou da sua indolência,
achando mais cômodo viver à custa dos
iludidos. A religião cristã não pôde
evitar esses parasitas.
A tal propósito, chamamos
particularmente a atenção para o capítulo XXI
de O Evangelho segundo o
Espiritismo; "Levantar-se-ão falsos Cristos e
falsos profetas".
Haverá revelações diretas de Deus aos
homens? É uma questão que
não ousaríamos resolver, nem
afirmativamente, nem negativamente, de maneira
absoluta. O fato não é radicalmente
impossível, porém, nada nos dá dele prova
certa.
O que não padece dúvida é que os Espíritos
mais próximos de Deus pela
perfeição se imbuem do seu pensamento
e podem transmiti-lo.
Quanto aos reveladores encarnados,
segundo a ordem hierárquica a que pertencem e o grau a que chegaram de saber,
esses podem tirar dos seus próprios conhecimentos as instruções que ministram,
ou recebê-las de Espíritos mais elevados, mesmo dos mensageiros diretos de Deus,
os quais, falando em nome de Deus, têm sido às vezes tomados pelo próprio Deus.
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